A Terra e a matéria que a compõe, ou seja, as rochas, os fósseis e as estruturas geológicas, são resultado de fenômenos que ocorreram há milhares ou até bilhões de anos atrás. A ideia, porém, de que a Terra poderia ser extremamente antiga só surgiu nos últimos séculos, com o desenvolvimento do pensamento científico. Dessa forma, a partir da curiosidade do homem de compreender melhor a natureza, entender o seu passado e, consequentemente, o seu futuro, houve o desenvolvimento de uma nova ciência: a Geologia.
Durante a Idade Média, estimava-se a idade da Terra com base nas escrituras bíblicas, que totalizam cerca de 6.000 anos. A partir de um estudo mais detalhado das escrituras sagradas e de outros documentos históricos, em 1650, o Arcebispo Ussher declarou que a Terra teria sido criada na véspera do dia 23 de outubro do ano 4.004 a.C, data que foi considerada até o início do século XX.
Nesse meio tempo, surge um dos principais nomes da história da Geologia: o beato Nicolau Steno. Apesar de ser médico, em 1669, o dinamarquês publicou um livro com princípios que regem a organização de sequências sedimentares, conhecidos até hoje como os Princípios de Steno. São eles:
- Princípio da Superposição: os sedimentos se depositam em camadas, sendo as camadas mais novas depositadas acima das mais velhas.
- Princípio da Horizontalidade original: os sedimentos se depositam em camadas horizontais.
- Princípio da Continuidade Lateral: as camadas de sedimentos são contínuas, se afinando lateralmente nas margens da bacia de acumulação.
Netunismo x Plutonismo
Por volta do século XVIII, ocorreram as primeiras tentativas de ordenar a história geológica do planeta. Com isso, surgiu o netunismo, com a teoria de que todas as rochas teriam se precipitado das águas do mar primordial, incluindo as rochas ígneas. Em contraposição ao netunismo, surgiu, nas primeiras décadas do século XIX, o plutonismo, que afirma que todas as rochas da superfície da Terra são de origem vulcânica e não “precipitada”. O conceito de plutonismo é resultado dos estudos e observações do escocês James Hutton, cujo trabalho foi fundamental para a consolidação da Geologia como ciência, sendo, por isso, conhecido como o pai da geologia moderna.
O Uniformitarismo e o Atualismo
Em meados do século XIX, outro escocês, Charles Lyell, popularizou a proposta do uniformitarismo. Conhecido pela frase “o presente é a chave do passado”, o uniformitarismo propõe que o passado é igual ao presente, tanto em gênero como em intensidade dos processos atuantes da dinâmica interna e externa.
Apesar de ter influenciado gerações de geólogos, hoje sabemos que o Uniformitarismo não é completamente verdade. Não podemos considerar uma igualdade estrita entre as condições do passado e as do presente na Terra, sendo a intensidade dos processos que ocorriam diferentes daqueles observados atualmente.
A partir disso, foi criado o conceito de Atualismo, que é muito parecido com o Uniformitarismo, mas que leva em consideração as mudanças pelas quais nosso planeta passou e tem passado.
Assim como outras ciências, portanto, a Geologia passou por diversas etapas, evoluindo conforme as descobertas foram feitas e, com elas, as novas perguntas que foram surgindo. Atualmente, sabemos, por meio dos métodos da datação radiométrica, que a terra tem mais de 4,5 bilhões de anos. Em comparação com a idade que acreditava-se ter a Terra há alguns séculos atrás, percebemos que a Geologia, além de auxiliar o homem em sua insaciável busca pelo conhecimento, também pode revelar uma verdade maravilhosa: a grandeza do mundo natural do qual fazemos parte.
Referências:
TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a terra. Oficina Textos, 2001.
http://www.sobregeologia.com.br/2018/06/a-historia-da-geologia_4.html?m=0. Acesso em 25 de janeiro de 2021.
https://www.minasjr.com.br/o-surgimento-da-geologia/. Acesso em 25 de janeiro de 2021.